domingo, 27 de junho de 2010

For your entertainment

Neste momento estou cansada. Cansada das pessoas que fingem se importar comigo mas que eu só vejo falar e falar, e observo os lábios se mexendo e formando nada além de palavras. Estou em crise de personalidade, sentimental, frescuras e bobeiras que pertencem a mim e que vão ter que ficar aqui simplesmente porque ninguém pode ouvir o que eu tenho a dizer. E continuam me interpretando mal e me vendo de uma forma que eu estou cansada de representar. Por muito tempo eu fui apenas a menina esquisita e agora me sinto cobrada a mudar, a ser adulta, a parecer séria e passar confiança. Eu tento e me sinto presa, e sofro e me sinto triste. E, ainda assim, não é algo do qual eu possa falar. Porque se falo sou chata, ´é um assunto desinteressante. E, além de não prestar atenção, as pessoas ficam chateadas por me chatear e ficam falando de seus próprios sentimentos em vez de me ouvir. E ele diria: - mas eu perguntei. Só posso responder que quando eu quis falar, você não escutou. E quando eu quis repetir, você se dispersou. E eu me sinto nada agora, como costumo me sentir sempre que o assunto sou eu. Sempre que eu tento pensar em mim mesma e achar que as pessoas me darão a mesma importância que eu desperdiço. E não sei porque perco meu tempo chorando se sei que eu estou aqui para sofrer por isso, para ajudar os outros e só. Ser só um ombro. Só que agora, só agora (e me perdoe pelo meu momento de fraqueza) eu cansei de ouvir o quanto eu sou legal, o quanto eu sou importante. Porque agora eu não quero só ouvir se não sou.
Passo tanto tempo fingindo que estou bem para proteger as pessoas de se preocuparem, mas infelizmente não posso fazer isso todo o tempo e os meus sentimentos têm que ser respeitados.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

His

A história de amor que se pôs em fogo caminha para as cinzas. Assim como tudo aquilo que caminha rápido demais acaba por se cansar. E termina. E entramos em sofrimento. A atenção que ele me deu foi demais e me embebedou. Molhou meus lábios e transformou-os em carne viva, vermelha e pulsante. Enquanto estava embriagada tudo foi anestesiado mas por hora vejo e percebo que o fim está próximo como uma canção.
E seria certo continuar? Seria certo manter o calor de uma paixão incompleta? Não posso negar que sentiria falta, e como sentiria, assim como sentirei. E ainda assim pratico meu ato de permanecer, expondo meu rosto, sorrindo e cantando, como sempre estou e sempre estarei.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Untitled.

Havia uma garota. Estava parada na esquina numa daquelas noites úmidas que incitam as lágrimas a se expor nos olhos junto com o fungar de narizes vermelhos. Havia uma garota ali e isso é muito mais importante do que pode parecer. A presença dela foi suficiente para me inspirar e eu não sei nem o porquê. Sua pele era clara como um raio de luz. E o cabelo, preso num coque alto, em conjunto com sua postura delicada nos convidava a imaginá-la bailarina. Usava jeans e blusa com listras horizontais que intercalavam preto e branco. Contraste esse das cores opostas na blusa, que se relacionavam ressaltando seu contraste no local: quando tudo mais estava escuro, a luz só a refletia aos olhos. Olhava ansiosa pela esquina afora – estava esperando algo. Passei por ela, a observei por um tempo e esse algo nunca apareceu; não para mim. Talvez para ela sim, ela que esperou o bastante. Talvez os apressados descontextualizados nunca saibam o momento certo pelo qual esperar ou apenas não são paciencientes. Talvez isso envolva a esperança; esperança que nos move a esperar por tudo que desejamos e acreditar que sonhos se concretizam. Ou podemos nos apegar ao conformismo e viver uma vida linear, tudo é escolha. Mas naquela noite, havia uma garota ali. E o futuro pode não ser como os filmes, o passado pode ser cheio de ilusões e o motivo ser banal. Mas nunca, em nenhuma discussão, alguém poderá dizer que ela não estava ali. Algumas coisas na vida são indiscutíveis.