domingo, 26 de maio de 2013

Poço de raiva

Eu sinto muito
Por todas as vezes em que fugi
Me isolei do mundo
E te mantive fora da bolha
Que eu usava pra me proteger
Esqueci de estendê-la a você.

Eu devia ter estado lá
Segurado sua mão
Mas tornei-me cega de dor
Não tenho nenhuma dúvida:
Eu mudaria se pudesse voltar
Talvez, então, as coisas teriam sido diferentes

Só que eu não posso.
Eu não estive lá
Senti a mesma dor que você
E, enquanto eu fui embora,
Sua reação foi tornar-se
Um poço de raiva
Explosivo e venenoso
Como se você fosse outra pessoa
Na tentativa de se proteger

Você merecia mais de mim
Na verdade, você merecia tudo
Tudo de bom que houvesse em mim
Você era tão nova
Foi esperado tanto de você
Que dói
Só de pensar no tamanho da responsabilidade

Ainda bem que você é diferente de mim
Algo especial
Tão forte para lutar
Porque, apesar de tudo,
Este poço também possui a maior bondade
Que meus olhos já conseguiram enxergar

Eu imagino o tamanho do esforço
Para conter a raiva aí dentro
Quando a vontade é deixar ela sair inteira
Para deixar de habitar seu peito
Mas você não iria querer destruir tanta coisa
Só para se sentir melhor
E é por isso que você aprendeu a conviver
Com o ódio que há em você

Você é meu anjo
A coisa que mais amo nesse mundo
E eu estou aqui agora
Eu não vou mais para lugar algum
Porque eu quero ser sempre
A pessoa com quem você pode contar
A pessoa que vai te levantar, se chegar a cair
Porque você simplesmente não merece
Absolutamente nada de ruim
E eu te amo.


quarta-feira, 8 de maio de 2013

Insetos e Lamparinas


É comum do ser a atração pela luz. Aquele brilho que fascina puxando a saturação para si só enquanto suaviza e desbota o restante da cena. Só que o calor da fogueira que aconchega é exatamente o mesmo da brasa que queima. Não adianta pedir para não colocar o dedo na tomada, a criança será compelida machucar-se tentando se aproximar do curioso objeto de afeição. Toda luz não apenas acende, mas hipnotiza; te seduz fazendo-se de sua beleza.
Talvez a religião funcione porque a criatura não chega até o criador para se deparar com o vazio. Caso contrário, seria como o amor que se vai junto com o platonismo quando o admirador alcança sua musa dourada em um pedestal perfeitamente polido.
A dor é um sentimento imensurável. Por mais que você saiba como, não saberá quanto e, por mais que você saiba quando, o conhecimento nunca irá amenizá-la. Dessa forma, eu entendo como os insetos morrem queimados na eletricidade idolatrada. Eles tentam perseguir um sonho que nem ao menos conseguem evitar ter, tamanho é o brilho da luz. Talvez eles saibam da morte e escolham, mesmo assim, chegar mais perto e sentir o calor. Valeria mais a vida longa no escuro de uma noite fria? Ou, que seja rápida sua passagem pelo mundo, mas que possam explodir de paixão indescritível, encontrando o que sempre quiseram?
As feridas são inevitáveis. Mas a falta de sentido é imperdoável. Não arriscar seu sangue naquilo que você espera de sua vida é o mesmo que nascer e morrer em vão; aprender o básico e, conformado com isso, sentar-se no asilo, esperando que a aparição em vestes negras te leve para o desconhecido. Só você pode escolher entre ter a pele talhada ou evitar as marcas que te lembram de quem você é. Mas eu tenho certeza que antes de cair desgovernadamente no chão, as asas daqueles que perseguiram a luz brilharam ao tocá-la. 

sábado, 4 de maio de 2013

Primeiro de abril

Parecia mentira
Os beijos dela no sorriso dele
Respirar a paz tão procurada
Parecia até loucura
Pensar na realidade
Até que a felicidade era tudo que eles pensavam.

Naqueles momentos houve perfeição
Independente do que aconteça
Nunca mais a melhor visão será alterada
A história tornou-se palpável
E eles puderam possuí-la sem se possuir.

Eu não mudaria nada, além de mim mesma
Mas ainda há tanto para entender do que sinto
Que tenho a impressão que até a mudança
Pode já existir dentro de mim
E ainda não achei
Eu ainda não sei
Mas é normal não saber o que o futuro tratá
Tudo que posso fazer é o que julgo ser certo
E a certeza agora é que
Eu não mudaria nada, além de mim mesma

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Se eu te falasse o que sinto

Talvez a história tenha sido o bastante para que você entendesse do que sou feita. Mas se eu te falasse o que sinto, você estaria aqui, no mesmo lugar, petrificado demais para fugir de mim. Seria de minha responsabilidade não te despir de suas defesas, mas quando, aos olhos, o encanto aparece, as defesas desabam e as roupas escorrem pelo corpo. Provavelmente o mais correto seria não sorrir se dele sai como fruto somente a fome. Agora me perco entre o que acho certo e o que sinto. Mas pensar no que sinto seria egoísmo. Te falar o que sinto seria evitar que você esquecesse e esquecer é sempre a única solução.
Não só pra isso, mas queria ser diferente. Provavelmente ninguém de fora sabe realmente o quanto alguém pode querer mudar. Mas minhas palavras não precisam fazer sentido se não houver interesse. Mas a verdade é que eu queria que fizessem, para todo mundo. Queria falar de sentimento como se isso não gerasse compromisso e obrigação. Como se você entendesse que meu medo de apego sempre foi o contrário da preocupação comigo. Mas, na verdade, existe um sentimento de pânico em não conseguir suprir todas as expectativas. Não sei se posso conseguir um sorriso seu todos os dias e por isso prefiro não o ter dia algum. Como se o melhor que eu pudesse fazer por alguém fosse minha obrigação. Assim sendo, cuidar não é qualidade, é o trabalho padrão. E, se o que devia ser algo positivo é neutro, o ruim é pior, fico cansada de nunca ser boa o bastante uma vez que o "ser boa" já é o esperado, não surpreende ou supera as expectativas.
A vontade aqui é de correr, pular nos teus ombros, chamar do apelido preferido e dizer o quanto esperei para te ver. Dizer bobeira pra te fazer rir toda vez que você estivesse cansado, triste, estressado, pra baixo e etc. Como se qualquer coisa valesse para te animar. É difícil esquecer do que sinto ao teu lado. Mas, se eu te falasse o que sinto, as palavras poderiam te fazer sofrer. E como proceder, se parece que a falta delas também poderia te machucar? Assim fica muito difícil! Então vamos ficar com a sinceridade. A verdade é que tudo que é, é de verdade. Tudo que se foi não mudou de significado com a distância. E sabe o que ainda vejo? "Meus sorrisos que ultimamente são tão seus".