terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Labirinto

Como se estivesse louca. Bêbada. Desvairada.
Esqueço meus pensamentos
Esqueço dos meus sentimentos
Encontro-me entregue,
Escrava de minha própria maldade.
Executando torturas para provar o resultado

Surgem inconstantes palpitações de lucidez
As quais não consigo reter
São fluidas - abstratas.

A imagem no espelho parece afastar-se
Para trás. Para longe.
Parece fugir pelos cantos
Até que não lembre de como sou

Deserto em volta e eu só quero voltar
Por que deixo solto, insatisfeita,
O lugar onde busco estar?


quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Dois pesos

Um gole prolongado de café e sentiu a ligeira queimadura na ponta da língua. Não praguejou. Apoiou a caneca sobre o joelho, a alça enlaçando quatro dedos na mão. A sensação quente em contraste com o frio do dia era agradável. Conseguia ver os ponteiros do relógio de parede se movendo. O tempo passava com nitidez implacável, de modo que era inevitável não constatar que o café ficara frio e ela ainda observava fixamente a dança não fixa dos ponteiros.
Todos os dias via seus planos serem oprimidos pelos compromissos, e a inspiração ressecada pelo cansaço. Hoje tinha todo o tempo para si e ainda assim estava congelada na mesma posição, como se fosse prisioneira. Como se a criatividade a estivesse punindo por ter sido colocada em espera, fora de prioridade.
Debruçou-se, os braços apoiados no contorno na janela. Ao sentir o sol queimando a pele, fechou os olhos. O vento bagunçava o cabelo com carícias leves. Então, deixou de lado pensamentos e preocupações. Baseou suas escolhas apenas em sensações. Estava em paz, queria mais?
Nenhuma dor afligia seu coração. Nenhuma angústia lhe causava frio ou tremor no estômago. Admirou a beleza do dia, a textura do dia.
Estava dividida. Havia, de fato, uma parte que se preocupava com todas as questões humanas mal resolvidas. Se haveria um, vários ou nenhum Deus. Se quando morresse iria para céu, inferno, purgatório ou se seria congelada numa espécie de capsula do Matrix aguardando o fim dos dias. Se evoluímos do barro, se crescemos na água e se somos mesmo todos macacos. A exigência da sociedade de que cada ser deve possuir seu pacote de teorias está implícita.
Mas havia a parte que sempre achou que não fazia o menor sentido teorizar sobre algo que não é concreto ou provável. A parte que acha que tanto faz de onde viemos ou para onde vamos, se estamos aqui. Que tanto faz se existe Deus ou não, pois devemos ser bons por nós mesmos. Todas aquelas metas religiosas deveriam ser pessoais; intransferíveis. A ética e os princípios deveriam existir independentemente de quaisquer guias.
Existe a parte que acha que deveria buscar novos contatos, estudos e trabalhos. Que devia investir em seus sonhos - buscar. E existe a parte que está feliz em acordar, dar um gole prolongado no café e prestar atenção em como se sente. Olhar o dia passando, imaginar a engrenagem no relógio girando por trás dos ponteiros. Ouvir risos e acender incensos.  Sorrir com carinho, se arrepiar com toques e agradecer o frescor após o banho.
E não há conclusão. Não há peso maior. Só existe conciliação.

domingo, 16 de novembro de 2014

Conceitual

Passava pela rua quando a vi entregue.
Estirada;
Falecida.
Se houvesse esperança, estaria apenas adormecida:
Mas não havia.

Assim como não havia sangue.

Uma vez sem prova,
Por que seria crime?
Quem vetou o sono repentino?
O cansaço contínuo da regra.

Virei-a, a barriga para cima,
Procurando por sua humanidade intacta.
Invicta;
Irremediável.
Não a encontrei.

Assim como não havia alma.

Mas quem precisa de alma
Quando o dia resfria e estilhaça?
É só de pão sim.
Só pão e o corpo continua a trabalhar.

O coração batia
Sem o brilho nos olhos, continuava a bater
Era vida sem sonho?
Ou era morte sem sono?

sábado, 1 de novembro de 2014

Soneto sem classe

Inspiração crescente enquanto o corpo é deflorado
Palavras ardentes enquanto a pele é consumida
As mãos quentes deslizando, a boca liberando o gemido
A música aumentando mas as letras perdendo o sentido

Os olhos fechados mas os lábios molhados te guiam
O cenário se desfoca e as cores se mesclam desimportantes
Todo brilho recorta seu corpo de um mundo apagado e sem graça
A respiração ofusca qualquer outro som

Qualquer movimento torna-se sonho:
Perdido ou misturado com uma realidade confusa; anestesiada
Qualquer toque torna-se brasa. Os beijos, faíscas

Então, eis o ritmo do adormecido - o silêncio em paz
E o prazer continua só por encontrar-lhe ali:
Teu contorno acabado preenchendo meu lado

domingo, 28 de setembro de 2014

Tempo

Nesse momento tudo que eu consigo pensar é na falta que sinto dos pulos de alegria na chegada e do sorriso agradecido causado por toda massagem oferecida.
A vida é dura demais. As mudanças são difíceis demais.
Queria ser capaz de fechar os olhos e viver o que me faz bem por fantasia. Mas sei que seria errado. Poderia então querer que fosse como antes, ao final da confusão todo mundo se desculpa e faz o que pode para tudo ficar bem.
Talvez não seja tão fácil me compreender, mas queria ser suficiente. Queria ser a pessoa perfeita para quem eu amo e dói não ser capaz. Não é como se eu me conformasse com meus defeitos. Mas tem um pouco de desejo que eu tivesse ficado presa no quarto desde sempre, sem me permitir causar nenhum tipo de mal a ninguém.
Eu espero sem capaz de mudar, sem perder nada nem ninguém. Mas o meu medo é que a forma de curar a tristeza se não for com ajuda, se eu fizer sozinha, me deixe fechada, fria. Eu sei como sou. Sei exatamente como não quero ser. Mas sei como sou.
Tenho dificuldade em dar tempo ao tempo. Sou ansiosa. Aprecio a resolução com base em ação, em correr atrás dos meus erros. Em compensar os problemas com alegrias. Já esperar que o tempo faça meu trabalho... não é muito o tipo de pessoa que sou.
Contudo, se é o que preciso fazer, é o que vou fazer. Nem que seja pra te mostrar que o que eu digo é verdade. Nem que seja para te provar que te amo, independente de qualquer outra coisa.

sábado, 27 de setembro de 2014

Haste The Day Dreamer

All your darkest hours
All your secrets pretending to fade
How can I deal?
How can I change?
Evolution isnt anywhere near our hands
It is natural, but untouchable
And I'm only trying to decide
If my will matters
If my heart makes much of a difference
If I'm still gonna see you without any lights
Even my own personal weak candle

For you Id be the stronger person in history
It feels like you deserve to be saved. To be rescued.
You seem to be one of a kind,
One white clean piece of porcelain hiding in the dirty
One logical sentence floating away from all this madness

I see you smiling
And its like I feel you smiling
Ive seen all around and there's no one I want so bad
Anyone I felt so connected since... ever.
All of our non-stopable conversations
All the songs that remind me of you
All the jokes we laught without a single reason
At least no other reason
Its you.
And you are the one for me
This could be nothing
But its me. And you know me.
I do no move without meanings
And you mean to me the world Id like to give you
The whole universe for a smile
Or a kind word
All star's sparkles just to be near
And all the fire to light your heart

I never felt so happy about following my heart







domingo, 21 de setembro de 2014

(F)

É fraqueza admitir que fiquei pensando em você antes de dormir?
Estaria vulnerável ao confessar que sinto o cheiro do seu cabelo quando fecho os olhos?
Eu já sei a resposta.
Mas será que você sabe como faz meu coração bater?
Ou qualquer coisa brega que eu possa dizer só para ser clara, só para te fazer entender.
Os meus dias com você são mágicos, ainda que nem sempre eu demonstre da forma correta.
É engraçado pensar que eu, e eu já me considero uma pessoa feliz, consiga ter achado uma razão para estar ainda mais feliz.
E não é como se você apenas me completasse; você adiciona.
Você faz com que eu queira ser uma pessoa melhor, e que eu tente ser.
O que quero dizer é obrigada, Marcio. Obrigada por estar ao meu lado. Obrigada por ser o que eu quero e o que eu preciso, respectivamente nos momentos certos.
Tudo com você aconteceu da forma certa, uma forma quase perdida e esquecida por muita gente.
Você é incrível.



segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Ghost Stories

Disseram que seria interessante. Mas não há espaço em você para mistérios ou jogos. A forma como se expressa, como executa a auto análise constantemente... Que liberdade alguém teria para ser atraído por você? Quanto espaço alguém teria invadindo tua fronteira?
Você dispensa as palavras que todos procuram ouvir. Eu sei exatamente o que você significa e isso deveria me entediar. Queria poder te descobrir, depois contar-te como história. Mas não há dificuldade; não há desafio. Queria dar conselhos para seus traumas, mas você já sabe o que tem que fazer. Tudo que tem que fazer. E quando não faz é apenas por não querer. De mim, não tem nada a aprender. Nada tenho a oferecer. Disseram que seria viciante, mas não sei porquê. Você diz tudo me olhando nos olhos, e mesmo assim não consigo te entender. Você é como um minotauro, mas não sei o que teus labirintos escondem se entrega todo o tesouro. E qual é a lógica dos corredores infinitos que não levam a lugar algum? É a tentativa de trazer morte aos que ousam se aventurar em tua mente? Como conseguiu parecer tão simples no início para depois me deixar mais confuso quanto mais tento me aproximar?
Eu vejo agora. Eles disseram que seria interessante. Disseram que seria viciante. E é. Então por que abriram mão de você?

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Bedmate

Vejo agora a cama vazia. Em pensar que há apenas algumas horas você estava nela fazendo charme para acordar; me arrastando junto para o seu mundo de sonhos, me puxando de volta sempre que eu tentava levantar. Você ali e eu não preciso de muito mais: até as palavras são dispensáveis. Lembro dos beijos de sono, que começavam na boca e desciam ao pescoço onde adormeciam assim que o nariz se aconchegava no meu perfume. Ou de como é bom sentir sua respiração na minha nuca.
Eventualmente temos que levantar, claro. Mas não há vez em que eu não queira voltar atrás e me esconder no seu abraço quentinho e coberto. Chego a me questionar se não era melhor ter faltado aquela aula, deixado de lado a festa ou pedido demissão. Qualquer coisa que ocupasse a oportunidade de morar na preguicinha do seu sorriso sonâmbulo.
A simplicidade pode ser tida como boba. Mas sei que vou terminar o texto, deitar e, assim que fechar os olhos, tatear o colchão procurando sua pele. É simples assim e isso é quanto sua presença me faz bem.

domingo, 20 de julho de 2014

Felicidade

Olhei-o no fundo dos olhos. Não havia nada que me deixasse mais feliz do que a verdade positiva. Não há como mentir de tão perto. E, quando olhei, vi que estava bem. Mentalmente, eu dançava aos pulos comemorando o conforto que senti. Não existe nada melhor do que fazer bem a alguém que você ama. Existe? E não importa o quando doe, vai sentir como se estivesse ganhando. O abraço que dá esquenta seu próprio corpo. O quanto mais você desapega ou tenta ser altruísta, mais faz com que encontre sua própria paz.
Ninguém pode ter certeza do final da história ou da estrada. Vale a pena apenas aproveitar o tempo e o caminho.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Otimismo

Uma coisa que não te disseram sobre ser otimista? Estar constantemente satisfeito tem efeito viciante. Como qualquer droga, te mantem anestesiado. Você está sempre feliz, certo? Muito bom, certo? Mas cadê aquela motivação intensa que te faz lutar por algo melhor? Quando você aprende a se conformar com a vida, você também desiste um pouco de vivê-la porque parte dela é feita de insatisfação. De busca. De mudança. A insatisfação gera movimento.
A maior parte do tempo, você sente que fez uma escolha boa ao ser otimista. Uma opção pacífica, estável e alegre. Mas sempre vão restar dúvidas; hipóteses. E se em vez de aceitar, você tivesse tentado mudar? Crescer, progredir?
Não que eu ache uma ideia boa passar o dia reclamando. Mas quem está inconformado cresce, enquanto nós otimistas estaremos sempre parados no mesmo local, acreditando que não há nada de melhor.
Escrevo esse texto como forma de tentar sair da minha própria inércia. Dizer a mim mesma que posso ser feliz mas que tudo viraria um tédio se eu não evoluísse.


sábado, 12 de julho de 2014

Temperatura


Lembro do dia
Do vento
Do canto
Da temperatura

Tanto lembro como sonho
Tanto quero como espero
Desejo de novo
Ardendo no silêncio
Escondido na sombra
Repousando no abrigo

Revirando-se
Revoltando-se
Ansiando por explodir

Arranhava a pele
Mordia os lábios
- Meus e seus
Misturados
Amarrados; presos:
Perdidos.

Não esqueço o dia
Não procuro outro rumo
Não escolho outro alguém
Não aceito troca
Nem água fria

Não deixo implodir em mim a paixão
E morrer vazia

sábado, 5 de julho de 2014

O vôo mitológico


terça-feira, 17 de junho de 2014

Nostalgia

A primeira sensação foi o choque, causado pelo impacto do seu toque na minha pele. Em seguida, crescentemente, ocupou meu peito a vontade. Aquele desejo forte de me acostumar ao seu carinho, ao seu contato. Lembro do primeiro beijo, tão tímido e puro - quase não aconteceu. Assim como lembro do segundo primeiro beijo, aquele que me trouxe de volta à vida.
Nunca consegui escapar completamente do seu encanto, desde que te conheci de verdade. Chega a ser engraçado imaginar que passei tanto tempo te vendo por perto sem ter me aproximado. E então vieram, sem previsão, todas aquelas conversas intermináveis, aquela vergonha absurda que brotava nas bochechas junto com a vermelhidão todas as vezes que alguém me dizia que formaríamos um belo par.
E formamos.
Hoje revi fotos, lembrei de momentos, pensei em você. Tive uma sensação nostálgica ao lembrar na nossa história, cheia de acontecimentos marcantes. Sejam eles engraçados ou tristes, todos foram intensos.
É bom lembrar do primeiro choque e saber que eu consigo sentir.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Quem era?

Canto à dor
Do meu amor
Perdida, suicidou
A luz frequente
Se apagou
Quem era, então?
Quem era?
Achei que era anjo
Mas da figura desfez-se areia
Ou santa até
No entanto a imagem era oca.
Imaginei ouvir a música
Mas não emitia som
Afogando as cordas em angústia
Mergulhou a melodia
- que adormeceu
Não soube dizer
Apenas sangue escorria dos lábios
Incapaz de conter tamanha inutilidade.

Era miragem falhando aos meus olhos
Vadia me traindo o coração

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Meu

Hoje queria que você soubesse um pouco, só um pouco, de como me sinto. Nesse ponto, nada me deixa mais feliz do que a ideia de dormir e acordar ao seu lado todos os dias. Nada é maior do que a vontade de te ter perto, ou a alegria de te ver chegando. Quando estou com você me sinto em paz e paz é o melhor sentimento que alguém pode ter, é algo que me faz sentir relaxada e feliz. 
Lembro da nossa história e do quanto demoramos para ficar juntos. Fico sempre feliz de concluir que tudo aconteceu no tempo certo, da melhor forma possível. Você simplesmente não é uma conquista para ser perdida. Você fez tudo certo e, agora que me tem, é por inteiro.
Não estaria ao seu lado se o desejo não fosse de me dedicar, e me entregar, completamente a você. Sem poder dizer que o que eu sinto é amor. E que você não é apenas uma paixão, é uma amizade forte, alguém para ser família. Você é tudo aquilo que eu poderia esperar de um companheiro, e penso nisso todas as vezes que você me faz rir. Porque sim, você me faz rir quase o tempo todo. 
Obrigada por cuidar tão bem de mim. Logo eu, tão frágil quando resolvo ser sentimental. E, principalmente, obrigada por me fazer te chamar de meu.


domingo, 11 de maio de 2014

A Ela

A Ela dedico minhas linhas, meus versos. Todo meu trabalho e todo meu esforço. Por Ela e para Ela, escolho viver uma vida de agrado e orgulho, e dar a Ela nada menos do que Ela merece. É Ela que me leva ao colo quando a dor bate mais forte e, mesmo sem que eu seja a melhor pessoa do mundo em contar meus problemas, chora por mim. Mesmo sendo a pessoa mais forte que conheço, se preocupa e se importa comigo, me fazendo sentir o ser mais especial e sortudo que já existiu.
Venceu tantos obstáculos que desconheço, e se não conheço é graças a Ela. É muito fácil ser quem sou quando tive alguém para me criar da forma correta, a divisão equilibrada entre o amor e as lições de vida para manter meu caráter no eixo, e a vontade de ser a melhor pessoa que eu puder.
Jamais escolheria outra, trocaria ou a esqueceria. Ela me deu, simples assim, a possibilidade de existir. E, nesse ponto, entendo como as pessoas são religiosas. Quando penso num ser que faria por mim qualquer coisa, que me faz sentir não o que eu quero, mas o que eu preciso, cuida de mim e está sempre ao meu lado, penso que não poderia fazer nada além de idolatrar até o fim dos meus dias, e com toda minha força, como farei.

*

Esse texto é para minha mãe, "a melhor mãe do mundo", como diria minha irmã.


segunda-feira, 5 de maio de 2014

Coruja

Nunca reparei que tinha os olhos vermelhos, como se fosse finalmente consumida pelo mal que a preenchia. Até que um dia, repentinamente, fui invadida pelo mesmo pacto de sangue, aquele que amaldiçoava meu tempo livre e exibia cada signo de forma torturante.
A encarei. Mantive seu rosto colado enquanto o olhar penetrante perfurava minha córnea. Sem piscar.
Aquele vermelho, pensei nas escalas, só poderia ser um novo tom. Como fogo encoberto por sombras ao mesmo tempo que reluzia com poder absoluto.
Permaneceu na mesma posição. Não havia mais segredos para mim. Qualquer palavra que dissesse seria tão desnecessária quanto imaginar como situação algo que não era, e nunca seria, uma opção. Estava lá porque queria, qualquer fosse o fator externo que a fizesse querer. Não havia divisão de conta, nem espera para usar o banheiro. A responsabilidade era somente sua de trocar as lentes e sair pela porta.
Vi a mim mesma refletida nos lagos de sangue. Talvez lutando sua própria luta tenha, sem querer, apresentado a mim a inércia, para que eu descobrisse sozinha o poder da reação.

sábado, 26 de abril de 2014

In the crossfire

Finalmente a hora da verdade chegou. Aquela em que estava de frente a ele para dizer tudo que eu estava ansiosa para falar. Despejar toda a raiva que senti, como se fosse uma boa ideia. No entanto, assim que me aproximei, caí em seu abraço. De súbito, tudo desapareceu. Fechei os olhos e senti seu abraço. Percebi que não o via já fazia um bom tempo. Fui invadida pela vontade de contar como meus dias têm sido, de entrelaçar meus dedos nos cabelos dele, até perdê-los de vista. Era difícil pensar em soltá-lo do abraço. Então eu senti seu perfume, tão familiar, tão presente na minha alegria. Lembro que queria esquecer tudo e dormir ali mesmo, em pé. Todo peso que senti foi jogado fora, porque ele estava ali. Percebi que os sentimentos ruins eram, sinceramente, apenas ausência. Saudade.Tudo que eu queria foi suprido naquele abraço. E, é claro, eventualmente tive que soltar, ter uma conversa, viver. Mas, nunca vou esquecer que toda a dor que eu sentia foi embora, só de tê-lo por alguns momentos em meus braços, pra nunca perder, e estar em seus braços, pra sempre me proteger.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Inacabado até você voltar


Eu devia ter te beijado mais, antes que fosse embora. Não é como se você tivesse partido para sempre. É que a falta que você faz me deixa sem consolo. Sem rumo.
Se eu tivesse fechado os olhos durante o último beijo, seria como se eu pudesse guardar comigo a sensação de te ter e, sendo meu, você não precisaria mais ir. Como se a pressão que seus lábios fizessem pudesse marcar minha boca, desmoldando-a. Conservando-a doce e vermelha.
Devia ter olhado o fundo dos teus olhos. Só então teria a oportunidade de ver minha própria imagem refletida e aprisionada no brilho deles. Poderia fechar minhas próprias pálpebras e sonhar que seria levada com você, para onde fosse.
Certamente poderia ter dito uma vez mais que você criou sentidos em mim, sem que eu pudesse explicar. Quem sabe minhas palavras ecoariam nas curvas da tua orelha, como sussurro, e te fariam achar que minha opinião é sua opinião. Então, estaria de volta à minha porta antes que eu tivesse entrado no banho.
Penso em várias hipóteses. Mas não há mais de um objetivo.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Observador

Ela tinha mesmo essa estranha personalidade. Do tipo que nos faz sentir bobos pelas crenças que temos e, normalmente, não percebemos que são tolas. Quer dizer, tolas não! Deixei que ela entrasse em minha mente uma vez mais. Perfeitamente cabíveis, isso sim eram! Mas toda vez que a olho diretamente nos olhos, ou encontro um sorriso preso num dos cantos dos lábios, tenho dúvidas. Talvez nem dúvida seja a palavra correta. É mais como uma certeza de que estou errado.
Ela ri do que sou e tudo que quero fazer é provar a ela meu valor. E... por quê? Sem que eu sequer notasse quando começou, a opinião dela sobre mim valia mais que a minha própria. Ela me desafiava. E eu, que nunca havia me preocupado em definir meus conceitos, apenas vivia. Cumprindo as obrigações. Desfrutando dos hobbies. Nunca parei para analisar minhas intenções e objetivos. Observar as pessoas que me cercam e os ambientes que cercam nós todos.
Cada pergunta que ela arremessava contra mim fazia com que eu me sentisse menos real. Como se nunca tivesse experimentado a vida como devia ser. Como se o meu ser se resumisse a uma mera existência. Mais uma pergunta e era como se eu estivesse dormindo antes de conhecê-la e o que eu tinha por memória eram apenas sonhos. Irrelevantes; descontinuados. Já ao lado dela eu me sentia acordado. O ar parecia menos artificial e mais leve. Era tão fácil flutuar que as vezes os papeis se invertiam e parecia ela o sonho.
Droga. Ela me fazia pensar. E pensar chega a doer.
Será que era melhor estar adormecido? Inerte; reativo.
Acho que no ponto que se chega a essa pergunta, já não há mais volta.

domingo, 6 de abril de 2014

The Walk-away Professional


Sem cerimônia, a porta se fechou
Deixando para trás estrondo e saudade
Não poderia ficar se não quisesse.
Mas... não poderia ficar?
Não poderia ficar nem se quisesse!
Variável era somente a velocidade do passo

Na ausência habitava a certeza:
Minha falta de escolha
Sua escolha de ir
Não há estalido de chave no chão
Ou falta de buraco na fechadura
Sei que sempre a guarda no bolso
Não seria profissional em ir embora
Se não voltasse para partir tantas vezes mais

Já a mim resta esperar
Para evitar a solidão de simplesmente ficar
Não poderia ir junto se quisesse.
Mas... não poderia ir?
Não poderia ir junto nem se quisesse!

E no silêncio morou
Até fazer dele um lar.

domingo, 16 de março de 2014

Ausência

Ainda que não seja o tipo religioso, admito que gosto de ouvir o som das badaladas do sino no alto da igrejinha. Algo nele me acalma. Mais até do que a pregação oferecida no mesmo local.
O barulho ecoa hipnótico, me remetendo aos tempos da infância calada. Posso ver as pipas planando e competindo com as gaivotas por espaço no céu. As bonecas penteadas, perfeitamente alinhadas. Vejo até as bolas de gude sujas de barro, localizadas de forma perigosa para aqueles que passam distraídos.
Consigo imaginar com clareza os detalhes da infância generalizada. Só não consigo ver a mim mesma refletida. Nem no lago, nem nos olhos das crianças. Sei que esse passado não é meu porque não te vejo nele, seguindo meus passos com medo que eu me deixe quebrar. Não há uma só pluma presa aos meus braços, para me dar a opção de voar. Você simplesmente não está lá.
Algumas vezes imagino um velho qualquer te chamando além da minha caixa de areia, sabendo que se me olhasse seria pela última vez. Mas não. Você sequer virou o rosto na minha direção. Não pude ver os olhos verdes de nervoso. Você apenas foi e não há sino de cobre que te traga de volta.
O frio, para mim, hoje é tua falta. E, quando a temperatura cai, volto a caminhar na pracinha da igreja. Percebendo que, na tua ausência, não há brincadeiras, risos ou badaladas. Nenhuma pipa nunca poderá colorir esse céu.

terça-feira, 4 de março de 2014

A chave



Aqui estou trancada no quarto. Sem roupa. Sem um sequer nó de tensão no corpo. Pedi que levasse a chave para evitar minha obrigação de levantar eu mesma e virá-la duas vezes na fechadura, como se eu conseguisse fazer isso agora. Na verdade, as pernas tremem mais do que posso controlar e constituem um peso tão grande que apenas consigo arrastá-las no colchão para ajeitar-me numa posição mais confortável.
De olhos fechados, revivo os momentos passados, frescos no suor ainda não seco. Cada frase e toque que me deixaram quente possuem o mesmo poder na imaginação e gasto o tempo na esperança de ouvir o barulho da porta se abrindo; me libertando e te trazendo de volta.
Cada palavra que você disse sussurrando com suavidade em meu ouvido tornou-se sonho, fez-me leve. E cada detalhe delicado trouxe vontade para entendê-lo, potencializando os sentimentos e as sensações. Até que pude então transbordar de paixão, não mais capaz de conter ou temer tudo que você se tornou para mim. O coração acelerado, os olhos molhados e tudo que tive vontade de dizer foi que te amo, mesmo que você já saiba.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Onde nos conhecemos



Eu lembro de virar a rua. O que seria simples, se não fosse para o lado errado. Fiquei perdido por pelo menos uma hora até descobrir que estava. Cidade nova, pessoas estranhas circulando. A mudança a menos de uma semana acrescida da comum falta de tempo fez com que eu lesse uma informação errada do mapa que procurei na internet. Uma rua de diferença e nenhum dos pontos de referência servia para nada. Insisti no erro: paguei o preço de não saber o caminho de volta.
"Eu devia estar naquela entrevista", pensei. E eu "devia" estar em tantos lugares. Por que não gastei mais tempo prestando atenção na instrução de como chegar?
Continuei seguindo, vi sinais onde não havia. "Quem sabe alguma coisa mudou. Provavelmente ninguém atualiza aquilo diariamente e de graça".
O céu estava fechado, naquele dia. Nuvens ameaçadoras e enegrecidas sobrevoavam os prédios antigos. Foi quando vi uma moça. Parei para observá-la e gotas pequenas e geladas de chuva tentavam, sem sucesso, esfriar meu coração. Ela e seu cabelo bagunçado, emoldurando um rosto corado e sardento, me conquistaram de longe, sem me ver.
Assisti enquanto ela pegava com cuidado as flores expostas do lado de fora da floricultura - prevenção tardia para a chuva, que já começara.
- Quer uma ajuda? - Ofereci com simpatia, aproximando-me.
- Depende. Tudo depende. Se não estiver perguntando só por achar que eu sou um esteriótipo de fofura e alegria, pode ajudar. Por que eu também canso, sabia? - Bravejou ela, num só fôlego, enquanto levantava uma caixa pesada.
Sem saber exatamente como responderia ao surto de honestidade, peguei uma caixa e a segui para dentro da loja.
- Achei sim. Esteriótipo de perfeita para mim. Mas a chuva já começou e você precisa de ajuda. Eu me perdi. Perdi a entrevista na qual eu devia estar há meia hora. Não sei nem voltar para casa, inclusive. Então, se importa?
Deixei a caixa alinhada com as demais e saí da loja para buscar mais uma. Ela me seguiu.
- Você pode, por favor, não se apaixonar por mim?
- Não acha que está sendo pretensiosa?
- Acho! Mas talvez parecer pretensiosa possa te fazer não se apaixonar por mim. Eu não consigo lidar com isso agora. - Enfatizou o não tanto quanto conseguiu.
- Podemos ter uma conversa normal de pessoas que não se conhecem enquanto guardamos as flores? Essa chuva deve aumentar.
Ela suspirou profundamente, fechando os olhos enquanto o fazia. Abaixou, pegou um vaso que orquídeas cor-de-rosa, cuja placa dizia "Pink Lady", perguntou o nome da minha rua e disse que sabia onde ficava, quando falei.
- E a entrevista? Era pra quê? Digo... com que tipo de coisa você trabalha.
- Contabilidade.
- Contabilidade? Jura? Não acha entediante?
- Já trabalho há anos nesse ramo. Além do mais, não dá pra ignorar o tempo gasto com faculdade, certo?
-Então... Contabilidade? Jura? Não acha entediante?
Reparei que minha cabeça havia tombado ligeiramente para o lado direito, como quem não compreendeu e está tentando assimilar, quando ela começou a explicar.
- Você não me disse como se sente. E essa é a única parte que conta.
- A verdade é que não foi a faculdade que escolhi. Minha família já possuía um escritório e todos decidiram que seria mais fácil se eu simplesmente continuasse algo já existente.
- E se mudou por quê?
- Eu preciso de um pouco de espaço, na verdade. Não sei se gosto da ideia de ter a vida inteira decidida.
- E veio para uma cidade diferente trabalhar com... contabilidade?
- É a única coisa que sei fazer!
- Você não faz o menor sentido. Veio, como se quisesse mudar mas na verdade vai continuar se escondendo no futuro já decidido. Não importa onde você está desse jeito.
A essa altura, já não haviam mais flores para guardar e estávamos apenas nos encarando. Ela parecia tão irritada e eu nem entendia o motivo.
Discutimos até o início da madrugada. Foram horas de perguntas e explicações insuficientes. Parecia que ela simplesmente não aceitava meus pontos de vista como argumentos. Nunca tinha me sentido tão desafiado. Estava cego de vontade de provar o quanto ela estava errada, mas não estava.
Por mais que meus olhos focassem a boca dela, e o quanto esta não parava de se mexer, pensei em mim mesmo, atordoado. Somente com aquela conversa pude pensar e definir quem realmente sou e aquela cidade se tornou o lugar onde me conheci. E, por mais que possamos contar com a ajuda de alguém, cabe apenas a nós descobrirmos quem somos.


sábado, 8 de fevereiro de 2014

Ignorância


E então você a viu. Acha que pode conhecê-la pelo olhar. Julga a distância de uma mesa de bar o suficiente para desmanchar barreiras e que os goles da bebida barata dispensam sensibilidade. Talvez os olhos maquiados e brilhantes sejam disfarces, desviando a atenção da boca encolhida pelos anos de falta de expressão. Os lábios retraíram-se, perderam a cor e tornaram-se túmulo.
E então você se põe a falar por ela. Decide em suas próprias palavras a resposta para cada questão. Facilita o processo de compartilhamento assumindo que sabe tudo sobre o assunto. Sem saber que nunca irá realmente conhecê-la.
E então você esquece de analisar o silêncio. Perceber os trejeitos fora de foco; detalhes da tentativa de fuga. Você ignora o pedido de ajuda. Não para enquanto ela não pede. Mas e se a tolerância for maior do que tudo? Será que nesse caso a dor deveria ser desconsiderada em vez de evitada só por que pode ser suportada?
E então você se perde no seu próprio mundo. Aquele que só admite uma opinião correta. Até que alguém fale o que você deveria ter descoberto sozinho.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Reflexo

Naquela noite eu era dela. Sem mas ou mais. Sem motivo ou necessidade. Apenas possuía o sentimento de ser tomado sem pertencer. Não havia laço, algema ou contrato estabelecido; nada que me fizesse ficar por obrigação.
Perdia-me admirando seu sorriso pois o resto era névoa. A mão que segurava a minha para guiar-me por entre a multidão também queimava-me os sentidos, anestesiava minhas possíveis reações - eu estava entregue.
O desejo poderia ter feito de mim refém, tal como escravo vendido acompanharia teus passos para minha perdição. Mas não. Ela absolveu-me de toda a culpa e solidão, mesmo sem estar ao meu lado. Seus lábios eram vermelho e futuro. No entanto, da distância em que estava, tudo que eu via era esperança.
Naquele momento eu a amei por me dar nada. Ela estava lá, enquanto eu perseguia minhas crenças. Ela estava lá e tornei-me melhor por mim mesmo. Não me consertou, a menina do sorriso infinito. Não me moldou em suas curvas ou aliviou meu cansaço. Apenas me deu vontade de sorrir também. Um par de lábios repuxados só meu. Meu para que eu desse a ela, mas meu.
E eu fui capaz de ressuscitar, trazer à superfície o que havia de bom em mim.
Não me beijou. Mas certificou com os dedos o contorno dos lábios. Engoli em seco porquanto era cuidadosamente analisado sem saber se seria aprovado.
Ela nunca mais soltou minha mão e eu fui para sempre feliz.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Semiologia

Se você tivesse que ir, deixaria que partisse de bom grado. Contaria, porém, um por um dos segundos até que voltasse. Entendo o cansaço, a dificuldade, a preocupação: se você entender que vou permanecer firme do teu lado. Independente deles. Esperando que o sorriso venha na hora certa.
Se você estivesse triste talvez eu não fosse a primeira pessoa a fazer uma piada e conquistar como consequência a volta de tua alegria. Graça nunca foi meu forte e você é infinitamente melhor nisso do que eu. Mas eu estaria lá ainda, fazendo meu comentário aleatório para fugir do assunto, te fazendo esquecer e enxergar o lado positivo de alguma coisa na vida. É minha mania e minha forma de aliviar tua dor.
Queria poder te dar o abraço consolador e preparar um banho quente, um cobertor. Dispensar o vício da semiologia e escutar o que você sente. Só para dizer que te aceito, que te quero.
O medo da vulnerabilidade me afasta; me defende. Já a tua felicidade, ela me puxa de volta. Invisto meu tempo, gasto meu carinho, renovo meu afeto. Torna impossível que eu desista e inevitável lidar com a insegurança frequente.
Não há caminho, além dos teus passos. Outros lábios, outros abraços. É uma vontade inexplicável de largar o mundo de sorrisos só para que ele seja real. Esquecer as ilusões construídas com literatura kitsch e viver os problemas de te ter por completo.
O engraçado é que quanto mais reduzo o pedestal maciço que estabeleci para você, menor fica o masoquismo controlado de almejar o impossível, minha querida grama verde. Só posso concluir que o trabalho excessivo em pensar foi bem recompensado.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Map of your head

Hoje reencontrei o céu que me inspirava
De fora da rachadura no teto que não mais me incomodava
Seria poético dizer que era azul como seus olhos
Mas nem as pálpebras escondem o castanho brilhante.

Fisicamente, o ponto de vista estava fixado na mesma coordenada;
Diário, eterno.
Já a mente não poderia ser forçada a entrar no ângulo correto,
Contar os graus ou comandar os sentidos.
Não.
O coração era escravo do desejo da mente,
Tão sofridamente controladora
Acostumada aos tempos difíceis.

Parado ali, de forma inesperada,
Achei meu céu.
Sem ilusão dos sentimentos criados.
Era real.
As mesmas tonalidades intensas,
O mesmo tema de tantos textos já escritos por mim
Pensei que tinha esquecido sua localização,
Mas percebi que não se tratava disso:
Meu céu era um estado.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

O momento certo

Lembro de ver a lua pela janela quando tudo começou. Um beijo tímido, futuramente úmido, preencheu meus lábios, contornos pendentes. E a carne neles tornou-se vermelha, mordida. Mesmo sem voz, conseguiu chamar meu anseio. O calor recebido virou troca. Pude jogá-lo para baixo de mim e deslizar em suas formas; transportar as unhas do começo ao fim de sua existência, só para provocar reações químicas. O corar da tua face revelava segredos enquanto os olhares transbordavam mistério. Queria lê-lo com a língua e amar cada medo.
Uma batida lenta embalava cada toque, parecia dar o tom certo para o arrepio. As mãos se encontraram, se prenderam, se colocaram com força contra o lençol. O suor da pele molhada fazia com que os corpos se perdessem. No tempo. Na dança. Um no outro.
A visão era turva. A luminária azul ressaltava apenas o brilho do movimento, do corpo suculento, se guiando num contrapasso que, intermitente, intercalava os ritmos e trazia embriaguez.
Não respirávamos. Apenas inspirávamos o perfume um do outro, exalando cada vez mais forte da pele aquecida.
E então o sol começava a nascer, revelando os sorrisos, olhares satisfeitos. Deixando que a brisa refrescasse a sensação trêmula, exausta. As juras não se fizeram necessárias. Ou qualquer palavra que definisse ou explicasse. A conexão havia sido estabelecida. O compromisso em trazer a felicidade sincera para o amado era simples e natural.
A pele sensível presa num abraço infinito e eles dormiram, sem apagar a ideia de que tinham um ao outro.