quinta-feira, 24 de julho de 2014

Bedmate

Vejo agora a cama vazia. Em pensar que há apenas algumas horas você estava nela fazendo charme para acordar; me arrastando junto para o seu mundo de sonhos, me puxando de volta sempre que eu tentava levantar. Você ali e eu não preciso de muito mais: até as palavras são dispensáveis. Lembro dos beijos de sono, que começavam na boca e desciam ao pescoço onde adormeciam assim que o nariz se aconchegava no meu perfume. Ou de como é bom sentir sua respiração na minha nuca.
Eventualmente temos que levantar, claro. Mas não há vez em que eu não queira voltar atrás e me esconder no seu abraço quentinho e coberto. Chego a me questionar se não era melhor ter faltado aquela aula, deixado de lado a festa ou pedido demissão. Qualquer coisa que ocupasse a oportunidade de morar na preguicinha do seu sorriso sonâmbulo.
A simplicidade pode ser tida como boba. Mas sei que vou terminar o texto, deitar e, assim que fechar os olhos, tatear o colchão procurando sua pele. É simples assim e isso é quanto sua presença me faz bem.

domingo, 20 de julho de 2014

Felicidade

Olhei-o no fundo dos olhos. Não havia nada que me deixasse mais feliz do que a verdade positiva. Não há como mentir de tão perto. E, quando olhei, vi que estava bem. Mentalmente, eu dançava aos pulos comemorando o conforto que senti. Não existe nada melhor do que fazer bem a alguém que você ama. Existe? E não importa o quando doe, vai sentir como se estivesse ganhando. O abraço que dá esquenta seu próprio corpo. O quanto mais você desapega ou tenta ser altruísta, mais faz com que encontre sua própria paz.
Ninguém pode ter certeza do final da história ou da estrada. Vale a pena apenas aproveitar o tempo e o caminho.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Otimismo

Uma coisa que não te disseram sobre ser otimista? Estar constantemente satisfeito tem efeito viciante. Como qualquer droga, te mantem anestesiado. Você está sempre feliz, certo? Muito bom, certo? Mas cadê aquela motivação intensa que te faz lutar por algo melhor? Quando você aprende a se conformar com a vida, você também desiste um pouco de vivê-la porque parte dela é feita de insatisfação. De busca. De mudança. A insatisfação gera movimento.
A maior parte do tempo, você sente que fez uma escolha boa ao ser otimista. Uma opção pacífica, estável e alegre. Mas sempre vão restar dúvidas; hipóteses. E se em vez de aceitar, você tivesse tentado mudar? Crescer, progredir?
Não que eu ache uma ideia boa passar o dia reclamando. Mas quem está inconformado cresce, enquanto nós otimistas estaremos sempre parados no mesmo local, acreditando que não há nada de melhor.
Escrevo esse texto como forma de tentar sair da minha própria inércia. Dizer a mim mesma que posso ser feliz mas que tudo viraria um tédio se eu não evoluísse.


sábado, 12 de julho de 2014

Temperatura


Lembro do dia
Do vento
Do canto
Da temperatura

Tanto lembro como sonho
Tanto quero como espero
Desejo de novo
Ardendo no silêncio
Escondido na sombra
Repousando no abrigo

Revirando-se
Revoltando-se
Ansiando por explodir

Arranhava a pele
Mordia os lábios
- Meus e seus
Misturados
Amarrados; presos:
Perdidos.

Não esqueço o dia
Não procuro outro rumo
Não escolho outro alguém
Não aceito troca
Nem água fria

Não deixo implodir em mim a paixão
E morrer vazia

sábado, 5 de julho de 2014

O vôo mitológico