domingo, 16 de novembro de 2014

Conceitual

Passava pela rua quando a vi entregue.
Estirada;
Falecida.
Se houvesse esperança, estaria apenas adormecida:
Mas não havia.

Assim como não havia sangue.

Uma vez sem prova,
Por que seria crime?
Quem vetou o sono repentino?
O cansaço contínuo da regra.

Virei-a, a barriga para cima,
Procurando por sua humanidade intacta.
Invicta;
Irremediável.
Não a encontrei.

Assim como não havia alma.

Mas quem precisa de alma
Quando o dia resfria e estilhaça?
É só de pão sim.
Só pão e o corpo continua a trabalhar.

O coração batia
Sem o brilho nos olhos, continuava a bater
Era vida sem sonho?
Ou era morte sem sono?

sábado, 1 de novembro de 2014

Soneto sem classe

Inspiração crescente enquanto o corpo é deflorado
Palavras ardentes enquanto a pele é consumida
As mãos quentes deslizando, a boca liberando o gemido
A música aumentando mas as letras perdendo o sentido

Os olhos fechados mas os lábios molhados te guiam
O cenário se desfoca e as cores se mesclam desimportantes
Todo brilho recorta seu corpo de um mundo apagado e sem graça
A respiração ofusca qualquer outro som

Qualquer movimento torna-se sonho:
Perdido ou misturado com uma realidade confusa; anestesiada
Qualquer toque torna-se brasa. Os beijos, faíscas

Então, eis o ritmo do adormecido - o silêncio em paz
E o prazer continua só por encontrar-lhe ali:
Teu contorno acabado preenchendo meu lado