sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Hoje

Hoje eu acordei me sentindo completa. Eu, que já tinha me acostumado a acordar pedaço. Respirar e viver como um caco de gente. Perder minha mesmice no ópio. Mergulhar minha cabeça em álcool. Eu, que sempre adorei estar só,  me escondi em tumultos; evitei o silêncio. Ignorei a inspiração. Usei a boemia como distração.
Hoje... hoje não.
Hoje eu vejo na chuva uma razão para escrever. A cabeça ainda no travesseiro, mas a luz não incomodou. Transbordei em mares de poemas a serem escritos, usei minha pele de rascunho. Senti o coração batendo e esquentando o sangue.
Hoje acordei sorrindo para o teto. Sentindo o conforto da mantinha macia. Estiquei o corpo até os pés saírem da cama. Só para senti-los mais quentinhos retornando para a coberta. Tomei café na sala, luzes apagadas e cortina fechada. Sem série. Sem música. Apenas comi sem algo que roubasse minha cabeça do momento que vivo.
Meus olhos emocionados. Meu corpo querendo pular. Mal posso conter o sorriso.
Hoje eu, que estava perdida, voltei.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Paz

Avistei-a nua.
A janela aberta.
A mão relaxada sobre o parapeito. E o peito exposto para a noite.
Noites de verão são frescas, ela pensou. Um banho relaxante e qualquer brisa separa a alma do corpo em projeção astral. Observava o sereno porque era como sentia-se. A alma lavada nas gotículas de orvalho que antes encontravam suas rosas, não mais existentes. O jardim estava ressecado, mas trocou as flores por temperos. Trocou algo que escolhera baseado em sentimentalismo para achar o útil: gostar daquilo que faz bem.
Então, a vida tornou-se carrossel. Voltas e voltas, sem parar, de luzes, música temática, cheiro de pipoca e gosto de algodão doce. Até era cansativo, de vez em quando - nunca parar. Mas também era o que trazia conformidade.
Até o tão esperado momento em que olhar através de uma janela fosse suficiente para reafirmar a paz. Aquela sensação de que você encontrou um amigo querido e distante que você mesmo se torna enquanto apenas sobrevive. E a temperatura parece perfeita. E o tom negro da noite parece o ideal. E o silêncio te preenche sem causar nem um pingo de solidão. E como é bom ter paz.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Street Spirit

A primeira sensação é o sufoco. O ar subitamente parece faltar. Então, os sons do ambiente começam diminuir gradativamente, ao passo que as batidas do coração acelerado se tornam ensurdecedoras. Você percebe que começa a não ter controle de si. Pensa em gritar por ajuda, mas está fraco demais; cansado demais. Idealiza que, talvez, se ficar bem quietinho, tudo vai passar. Você tenta controlar. Porém, a visão escurece lentamente até que, num piscar de olhos depois, o mundo não é mais o mesmo. A cena mudou. Agressivamente, várias mãos em você, sem que identifique a quem pertencem. Várias vozes, gritos e choros sem face. A desorientação. A irritação causada pela desorientação. Pouco a pouco, recobra os sentidos. Percebe que está no chão. Sente alguns doloridos de pancadas inconscientes. Você respira forte. Reconhece todos que estão lá por você, tentando ajudar. Entende o que aconteceu e aprende que tudo passa.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Julián

Escrevi tanto para desabafar que esqueci de descrever o irreal. De fechar os olhos ouvindo aquela música eletrônica que vibra o coração junto. Sentir-se em outro lugar, onde as luzes piscam sem fim, coloridas, inconstantes. Esqueci de aparecer para dizer que o toque do seu corpo ficou gravado no ritmo da batida. Que foi bom te conhecer de uma forma não dramática, sem pressão. Que os dias se tornaram festa.
Esqueci de escrever o tempo todo. Da fila do pão ao tédio na aula. Nem que fosse para dizer que o dia está confuso hoje. Chove, faz sol, o calor impede de chover mais e tem nuvens tapando o sol. E o clima muda. O tempo todo.
Não lembrei nem que posso inventar um amor da minha cabeça para passar o tempo. Faltou a memória de que sou um ser mágico, inexistente, perdido. Que posso gastar páginas descrevendo o tom da minha parede de acordo com a iluminação espalhada em gradiente. Com listras. Sem listras.
Fiquei com preguiça de ter que pensar em finais brilhantes para textos. Daqueles impactantes e cheios de sentido quando, na verdade, minha cabeça está trance music. Descrevo apenas o impalpável. Não penso.
Gosto de ser transportada para esse mundo de balada e apenas mover meus dedos pelo teclado acompanhando a música vazia, animada. Gosto mais de saber que essas páginas estarão sempre aqui para me acolher.

sábado, 17 de setembro de 2016

Depois de você

Não, você não sabe o que fez. Não, não me deixou nenhuma escolha a ser feita ou decisão a ser tomada. De nenhuma forma que imaginei meu futuro, pensei que isso seria real. Pessoas já me magoaram. Claro que já. Até pessoas com pouca intimidade. Afinal, posso ser sensível e frágil, às vezes. Mas nenhuma delas me fez pensar que eu nunca mais vou poder confiar em alguém.

Querer ser sozinha, sempre quis. Tinha o costume de fugir de qualquer provável futuro relacionamento. Isso porque fico melhor só. Agora, pensar que, nem que eu queira, nem que eu me apaixone, vou poder ter um relacionamento, dói. Dói porque percebo que talvez meu senso de julgamento não tenha sido dos melhores. Porque se até você foi capaz de não ser confiável, o que eu posso esperar de qualquer outra pessoa?

Deve ter, claro, alguém no mundo que jamais faria mal. Eu sou assim. Mas, depois de você, eu não tenho mais parâmetro.
Então, não é pelo término que hoje sinto dor. Sempre fui platônica.
É pela falta de perspectiva em relação ao futuro.
É por saber que alguém como você teve coragem de pegar meu ponto vulnerável - Justo aquele, o mais difícil de conquistar - e perfurá-lo. Diversas vezes. Sem piedade.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

The King knows me so well

Longe de mim,
Flutuando na água escura,
Vi a garrafa de vidro que esperava encontrar
Aquela antiga mensagem de amor.

Provavelmente estaria vazia
Talvez não.
Provavelmente teria resquício de bebida velha
Mas que diferença faz se não posso alcançar?

Enquanto não afundo os pés nas ondas
Enquanto não sinto sua temperatura me congelar
Ela pode ser a garrafa que espero
Portanto, não a sigo

Niemeyer e suas curvas
Frente as barcas que se encontram
Os carros que se cruzam Rio-Niterói
E as pedras tentam barrar a água
Tentativa não analisada de contenção

Minha garrafa foi para mais longe
Enquanto me distraí escrevendo num pedaço picotado de árvore
Parece que o sol esfriou desde que sentei aqui
Mas ele apenas se fez distante, e fez falta

E eu nunca realmente tentei perseguir aquela garrafa estúpida.

Jardim em diagonal

Onde fui, as paredes eram negras
O silêncio do tom era quebrado apenas pelos traços harmoniosos em giz
Suas formas espirais, espalhadas.

Havia um pequeno palco
Músicos tocavam num ritmo animado
Mesmo as músicas sobre dor.

Encontrei-me perdida mas refletida no espelho
Me apaixonei pelo sorriso que não mais via

Existe um lugar que vou pouco
Mas é o mesmo lugar de onde nunca quero sair
Nele, o jardim cobre a ladeira
E seus encantos se apresentam como uma curva no mundo
E somem, atrás de um muro de vidro

Nunca vi seu fim
Ou pude me aproximar
Mas ele estava lá
E só de tê-lo encontrado, soube que tudo ficaria bem

domingo, 31 de julho de 2016

Distracting

Distrações funcionam, mas não funcionam indeterminadamente. Uma hora chega a verdade, a memória. Não batem na porta. Ignoram a campainha. Não se importam com meu sono.
O tempo passa e eu não sei o que magoa mais.
Traição em si ou descobrir que você não faz ideia de quem era aquela pessoa te traindo.
Acho que a primeira opção será curada com o tempo. Já a segunda... acho que a segunda só vai ter um gosto mais forte depois de ser conservada num barril de carvalho, para que eu nunca pare de apreciar. E por apreciar quero dizer relembrar e amargurar.
Eu não gosto de postar essas coisas aqui. Provavelmente, vou pagar tudo quando esse tempo passar.
Mas não posso continuar ocupando os ouvidos amigos. Além do mais, ninguém nunca me entendeu melhor que eu mesma refletindo através da escrita.
Se eu pudesse voltar no tempo, diria que você não precisava fazer isso, sabe? Existem outras formas de me machucar. Você poderia ter simplesmente ido embora. Não precisava ter botado em dúvida meu senso de julgamento construído por três anos.
Eu costumava me gabar sobre você não ser como outros homens. Tão comuns e desrespeitosos. Era um orgulho.
Quão errada eu estava.
Você se foi e o questionamento ficou.
Não fui bonita o bastante?
Engraçada o bastante?
Atenciosa o bastante?
O que foi que diabos faltou?
Porque eu posso não ser a melhor pessoa do mundo. Mas eu costumava ser mais do que você, pelo menos. E nem por isso eu te magoei.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Lies

Queria. Queria entender o que fiz para que você fosse embora. Afinal, se tudo que fiz não foi o bastante então não há mais o que fazer. Restam os livros e adquirir um gato. Aprender a gostar de gatos talvez. Não que eu desgoste. Mas não gosto também. É neutro.
Quando te conheci pensei que era uma alma boa porém perdida. Precisando de ajuda. Um olhar seu e eu não queria sair de perto. Tentei te iluminar e acolher. Trazer para o meu mundo alegre e simples.
Ah, mas a memória falhou. Esqueci que você sempre foi, é e será uma pessoa.
E pessoas vão embora, é sua natureza.
Pessoas são frágeis. Humanos... tentados facilmente. Felizmente, nasci robô.
Mas queria aprender e entender como você fez o que fez. Afinal, só me restam hipóteses e nenhuma delas me faz bem.
Aliás, nada me faz bem.
Ter que fugir, bloquear, excluir. Temer entrar em redes sociais e achar uma foto sua estampada.
Porque eu tentei observar. Buscar nessa distância algum sinal de que você me amava ou sentia minha falta, e não consegui ver.
Penso em visitar teu blog, por exemplo. Mas sei que qualquer coisa que eu possa achar só vai me fazer sentir pior.
Todas as coisas boas ficam apenas na minha cabeça.
Só é difícil pensar em coisas boas achando que tudo pode ter sido mentira.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Jeito de lidar

Jeito de lidar é a desculpa do século. Você pode fazer o que quiser, agir conforme lhe convém, e se alguém te questionar, você diz que é a sua forma de lidar.
É uma maneira incrível de agir de um jeito e dizer outra coisa.
Qualquer um pode tentar argumentar comigo, mas sabe o que eu enxergo:
- por que você não tirou o lixo?
- porque é minha forma de lidar com ele. Mas eu queria muito tirá-lo de lá.
Se você quer / pensa / sente alguma coisa, aja de acordo com isso.
Caso contrário, falar é muito fácil para ter alguma validade.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

They are not you

As pessoas passando aqui na frente, elas não são você.
E quem é você?
Sofro com a saudade pensando em quem amo. Mas se o que você se tornou não é nada disso, por que sofro? Por que tenho essa dificuldade de desvincular meus sonhos e achismos da realidade?
Eu preciso falar com você, mas falar com você me machuca mais.
Eu preciso de algum sinal de que você sente minha falta para comprovar que o você que eu amo existe, mas não existem sinais.
Existe eu sozinha. Duas horas da manhã. Semi alcoolizada. Debruçada num caderno e numa tentativa frustrada de estudar.
O que existe é ter que registrar esses momentos humilhantes de fragilidade para não ter que desabafar pela milésima vez com cada um que eu conheço, para evitar que as pessoas cansem de mim como você fez.
O que mais me irrita pensar é no quanto as pessoas não pensam. São inconsequentes, agem por impulso e de forma egoísta.
E o que mais me acalma é saber que eu jamais faria o mesmo.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Distração

Toda diversão nesse momento funciona como distração: eu posso rir, mas quando chego em casa é tua falta que sinto. Como se não me bastasse a felicidade que eu tenho e para ser completa precisasse da tua felicidade também.
É diferente ir deitar sem o beijo de boa noite e acordar várias vezes para se aconchegar cada vez mais. Você costumava me segurar tão forte enquanto dormia. Talvez por isso eu tivesse a impressão de que nunca me deixaria ir embora, que eu faria alguma falta. Hoje percebo que não faço. Mas tenho dificuldade em deixar morrer essa imagem de nós. Porque, quando lembro dela, vejo seu sorriso ao acordar comigo. Vejo o quanto nos transformávamos em felicidade depois de passar tempo juntos. Será que era tudo imaginação minha?
Todas as vezes que você disse que mudou e se tornou uma pessoa melhor... por que você está voltando atrás? É como se você tivesse voltado no tempo, para as eras da bebedeira que dizia não mais pertencerem a você. Acho que eram apenas palavras. Mas, por favor, não se destrua. Cuide daquilo que não cabe mais a mim cuidar.
Enquanto isso vou me distraindo. Não sei fingir que estou bem, mas posso desabafar da forma que sei melhor: jogando os sentimentos bobos nas letras que sempre me refugiaram, falando sozinha nesse blog que já viu o pior e o melhor de mim.

terça-feira, 19 de julho de 2016

All kinds of suffering

Eu sempre preferi dirigir de madrugada. A sensação de vazio à frente na pista. A falta do calor de qualquer humanidade por toda a volta. O escuro e a melancolia. De certa forma, contrasta com como me sinto. Não em tudo. Afinal, escuridão nesse momento não me falta. Mas de humanidade sinto-me cheia. Como se o que há em mim bastasse.
Essa sentimento me leva para muito longe de onde queria estar. Raiva era o que eu estava procurando. Desejo odiar. Difamar o teu nome. Mas, como disse, a pista está vazia; não há ninguém para escutar. Além disso, não conseguiria o fazer. Não conseguiria desrespeitar um segundo do que vivemos, independente da recíproca.
A noite representa até onde consigo enxergar agora. Estou perdida.
Acho que não é fácil esquecer um amor. Principalmente quando ainda amamos.
Mas ter que lembrar que este amor está apenas em mim, dói.
Ter que imaginar como está sendo para ele me esquecer, dói. E doeria de qualquer forma. Se ele estivesse mal por isso, doeria empaticamente, porque se tem uma coisa que fiz nesses últimos tempos foi tentar afastar qualquer ferida. Sem sucesso.
Se ele estivesse bem, também doeria de saber que sou facilmente "esquecível".
A verdade é que eu não deveria me importar, mas me importo.
Não deveria sentir saudades, mas sinto.
Mas, como não há nada que eu possa fazer, só me resta dirigir e esperar tudo passar.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Sociedade do Ódio

Por todos os lados, generalizado. Em todos os passos, eu tenho medo. Quando penso, tenho receio. A impotência é a constância. As pessoas más cometem crimes. As pessoas boas desejam crimes. Ninguém é confiável. O que eu posso fazer? Nada que eu faço parece o bastante. Nada do que eu faço será suficiente.
E o que precisa ser entendido além de "pare de botar ódio no mundo"?
Por favor, não culpe a vítima. Culpe o CULPADO.
Por favor, não deseje mal ao culpado. Ele só deve ter o que merece, de acordo com o estabelecido pelas leis. Se você não concorda com as leis, corra atrás de mudá-las.
Por favor, pare de discriminar o diferente. O diferente não te fez nada.
Pare de querer que as pessoas sejam infelizes porque elas não pensam como você. Discordar é inevitável, mas perseguir e desejar mal?
Por favor, não brigue com o amante. Termine com a pessoa com quem você está tendo um relacionamento.
Por favor, não fique ofendida se uma pessoa do mesmo sexo quer te pegar. Aceite como um elogio, e dispense.
Por favor, não dê em cima de ninguém de forma mal educada.
Por favor, não questione o direito de ninguém de lutar contra a opressão. Não ridicularize aquilo que causa dor em alguém.
Por favor.
POR FAVOR.

terça-feira, 1 de março de 2016

Feliz dia do Ricardo!

Antes era deslocado. Uma amizade difícil a ser conquistada. Não havia intimidade ou carinho. Havia afinidade. Algo perdido em comum. Alguns incentivos-porradas para te forçar a participar mais das conversas do grupo de amigos. Desde o começo, algo em você me chamou atenção, mas não sabia muito bem o que era.
Percebi depois que me importava muito (novidade!); Que tinha a necessidade te saber se você estava bem. Ficava ansiosa pelas caminhadas de domingo de noite para discutir super poderes e pensar em projetos que nunca colocaríamos em prática. E era um bom tempo.
Em algum momento, você começou a se importar também. Me fez feliz com chocolate. Me fez chorar com uma carta. Tudo em nossa história se transformou em detalhes que não posso esquecer.
De repente, você se mudou. Para longe. E eu, que já não podia mais te ver todo dia quando a escola acabou, tive que me conformar com a ideia de também não te ver mais todo final de semana. E foi uma droga. Existiram vários momentos em que eu queria que você estivesse aqui.  Assim como houveram outros em que pude procurar abrigo nessa distância e me isolar do meu mundo problemático simplesmente indo te visitar.
É engraçado pensar em como você falava tão pouco no início e agora virou a pessoa com quem mais consigo conversar. Falar com você é tão fácil. Você me entende tão bem. Eu sequer preciso terminar uma frase.
Hoje, quando te encontro, posso conversar com você por horas, não ver o dia acabar, e não há tédio algum. Posso ficar olhando para a parede ou tirando fotos de pés que também não é constrangedor. Com você, eu rio das coisas mais estúpidas, reclamo das pessoas mais estúpidas, porque você é o amigo que todo mundo precisa ter pelo menos um.
Posso não ser a melhor pessoa para demonstrar isso tudo nesse mundo online amaldiçoado, mas tenho certeza de que nada está se perdendo quando olho para você pessoalmente.
Espero que você saiba disso tudo. E que tenha certeza do quanto de valorizo, mesmo te descrevendo para todo mundo (inclusive você) como um completo desastre incapaz de executar tarefas simples.
Feliz dia do Ricardo!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

10 anos

E ontem completaram 10 anos. Ontem, ou antes de ontem. Eu e minha mãe sempre discutimos quanto à data. Talvez porque aconteceu de noite, na virada dela. Eu estava em casa. A casa em que nunca mais morei depois dessa noite. Com a família que nunca mais tive depois dessa noite. E estávamos cada um em um cômodo, sabe? Não havia pressão para tentar conversar. Só estávamos lá e era suficiente. E então você se foi. E desde então eu me escondo. Minha irmã foge. E minha mãe se esforça para compensar com medo de ficar só.
Eu não posso dizer que não é justo, meu bordão preferido. Porque, na verdade, é. Acontece com todo mundo em determinado momento.
Achei que ia me sentir melhor escrevendo mas estava errada. Vou interromper esse texto por aqui. Um dia continuo.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Volta às aulas

Hoje não vim dizer que te amo. Você já sabe. E não é o que precisa ser relembrado nesse momento. Hoje não. Hoje, vim dizer que sei que você me ama. Sei que o cansaço em excesso vai começar a aparecer, junto com o mau humor e a falta de tempo, que em conjunto te impedirão de fazer declarações mirabolantes. Então, aceite minha forma sincera de dizer que sei de tudo isso e que vou aguardar aqui pelas novas férias, pelo próximo tempo disponível. E vou saber que você ma ama sempre que, mesmo que tudo contribua contra, você me mandar aquela mensagem me desejando bom dia ou boa noite. Sempre que você resolver estudar no meu quarto para pelo menos ficar pertinho.

Não vou dizer que te amo, mas folofow.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Só observo.

Eu te vejo e me encanto. Tão certo quanto a sua presença, mesmo quando metafísica, é aquilo que sinto. Observo enquanto você joga algo bobo. O tempo passando e você sempre aqui. Comigo.

Não estou inspirada. Os pensamentos depois da overdose de livros de ficção estão meio desconexos, ao menos por enquanto. Talvez por isso eu internalize você, te destrua em pedaços de vidro mentalmente para compreender cada caco do que te compõe.

Tão complexo e louco. Tão completo que me sinto drogada. Viciada. Nunca vou conhecer tudo de você e a única conclusão é que continuarei tentando, porque isso me instiga. Saber que você não é raso. Saber que em você posso me perder, me incita a continuar aqui; como uma história sem fim. Como um livro que, por mais que você tenha vontade de pular para a última página para descobrir o final, não o faz porque sabe que seria sem graça.